Na última semana, cientistas da Agência Espacial Italiana anunciaram a descoberta de um reservatório subterrâneo de água líquida no planeta Marte. Durante muitos anos de debate e pesquisas, especialistas duvidaram de que isso fosse realmente possível.
Como consequência dessa descoberta, a discussão sobre a possibilidade de existir vida em Marte aumentou. De acordo com a pesquisadora Anja Diez: "Sem água, nenhuma forma de vida como a conhecemos poderia existir. Por isso é grande o interesse na detecção de água líquida em outros planetas".
O local onde o reservatório foi encontrado trata-se de um lago de aproximadamente 20 km de diâmetro e que estava a 1,5 km abaixo de uma espessa camada de gelo próximo ao Polo Sul de Marte. A profundidade do lago é de pelo menos um metro e tudo indica que seja água salgada com temperaturas abaixo de 0ºC. A presença de água no planeta é explicada pelos pesquisadores: "Acidentes geográficos como vales mostram que água líquida deve ter sido presente em Marte no passado. Mas apenas pequenas quantidades de água gasosa haviam sido identificadas na atmosfera, além de água congelada. Gotículas de água foram vistas condensando e havia a hipótese de água líquida em encostas durante o verão marciano. Corpos estáveis de água líquida, entretanto, até o momento não haviam sido encontrados."
Foto: Reprodução/Media INAF. Representação da sonda Marsis, calota de gelo no Polo Sul de Marte e os pontos em azul destacando o reservatório de água (lago).
O método utilizado para a detecção foi um radar chamado Mars Advanced Radar for Subsurface e Ionosphere Sounding (Marsis). Esse aparelho permite o envio de pulsos eletromagnéticos que penetram a superfície de Marte em pelo menos 3 km de profundidade. Seu funcionamento é semelhante a um “exame de raio-X de Marte”.
O pesquisador Roberto Orosei e sua equipe monitoraram o planeta utilizando o radar Marsis entre Maio de 2012 e Dezembro de 2015. Assim, eles registraram 29 conjuntos de amostragem que evidenciaram uma grande mudança no sinal que eles emitiram. Essa mudança indicava presença de água líquida, parecida com a da Terra. Roberto Orosei explica mais detalhes da descoberta no vídeo abaixo (com legenda automática).
Embora a presença de água líquida em Marte tenha sido descoberta, a presença de vida nesse reservatório já foi descartada pelas condições extremas do local. A perspectiva é de que estudos mais aprofundados identifiquem se existam outros locais com condições de abrigar vida no planeta. Assim como, no estudo realizado pela Universidade de Whashington – conduzido pelo astrobiólogo Dirk Schulze-Makuch – e publicado na revista científica especializada no assunto (Astrobiology), há 4 milhões de anos a superfície da lua apresentava condições para abrigar vida. Parece que a confirmação da existência dos famosos “marcianos” terá que esperar um pouco mais.