Em um futuro não tão distante, os diabéticos tipo 2 podem ser capazes de abrir mão de bombas de insulina e, em vez disso, gerenciar sua condição com uma dose de expresso ou uma caneca de café filtrado.
Uma equipe de pesquisadores com sede na Suíça inventou um implante que despacha medicamentos sempre que detecta cafeína na corrente sanguínea. Os resultados do primeiro estudo, publicado na Nature Communications, foram extremamente promissores - pelo menos em ratos.
O diabetes tipo 2 afeta mais de 400 milhões de pessoas em todo o mundo. Se você desenvolver a doença, significa que o corpo perdeu sua capacidade de responder à insulina e regular os níveis de glicose no sangue, ou seja, o corpo tornou-se resistente à insulina. Por causa disso, os níveis de glicose aumentam após cada refeição.
Uma maneira de gerenciar a condição é regularmente fazer testes de nível de açúcar no sangue com equipamentos especializados. Quando o nível de açúcar no sangue é monitorado, é possível ajustar uma bomba de administração de insulina para retornar aos níveis normais. É desnecessário dizer que o processo pode ser demorado, trabalhoso e inconveniente - assim, Martin Fussenegger, um biotecnólogo da ETH Zurich, Suiça, e seus colegas de trabalho criaram uma solução inovadora e fácil de usar.
A equipe projetou um implante usando células renais humanas que liberam insulina quando ativadas. Estes foram então cobertos por uma estrutura semelhante a um caviar de cápsulas de gel para impedir que o sistema imunológico do corpo atacasse as células enquanto, ao mesmo tempo, permitia a entrada da cafeína e a liberação da medicação para que ela pudesse se dispersar na corrente sanguínea.
Para testar sua nova invenção, eles usaram ratos. O implante foi inserido sob a pele de 10 ratos diabéticos que receberam uma variedade de bebidas com diferentes níveis de cafeína. Foram usados chá de ervas, coca-cola, café solúvel, chá preto e milkshakes.
Todas as bebidas, com exceção do milk-shake e chá de ervas, desencadearam a liberação da medicação. Além disso, quanto mais altos os níveis de cafeína, mais forte é a dose.
Por que usar a cafeína como gatilho (além de muitos, muitos benefícios à saúde, é claro)? Até onde os pesquisadores sabem, há muito poucos traços de cafeína na maioria das bebidas e alimentos, pelo menos não em níveis altos o suficiente para o implante registrar. Isso facilita o controle e impede que qualquer pessoa acidentalmente dispare o implante. Pelo menos em teoria.
Também torna mais fácil para a maioria das pessoas incorporá-lo em sua rotina diária, seja um em Starbucks após o café da manhã ou um chá pós-almoço.
"Você toma um chá ou café de manhã, outro depois do almoço e outro no jantar, dependendo da quantidade de insulina que você precisa para recuperar sua glicose", disse Fussenegge ao The Guardian.
Infelizmente, pode levar alguns anos até que o implante comece a ser usado para valer. O tratamento terá que passar por vários testes e ensaios, além dos testes em humanos, antes que possa ser aprovado pela OMS ou qualquer outro órgão regulador.