Ao assistir avatares que representam suas alucinações em uma tela, os pacientes que sofrem de esquizofrenia são mais capazes de lidar com seus sintomas. Os cientistas que criaram a nova forma de terapia esperam que ela possa adicionar uma nova dimensão às técnicas existentes que ajudam os pacientes a lidar com as vozes em suas cabeças.
Embora não seja verdade que toda pessoa que sofre de esquizofrenia experimenta alucinações e vozes na cabeça, esse sintoma afeta entre 60 e 70% dos pacientes. Essas experiências são muitas vezes perturbadoras, pois as vozes podem ser abusivas e ameaçadoras. O tratamento convencional com aconselhamento e drogas pode cortar essas alucinações, mas para cerca de 25% dos pacientes elas não se afastam ou acabam retornando. A nova terapia com avatar pode ajudar esses pacientes.
Para criar o avatar, os investigadores se sentaram com 150 pessoas que experimentaram alucinações auditivas persistentes e angustiantes por mais de um ano, apesar do tratamento, e criaram cada avatar individualmente. Os pacientes foram capazes de selecionar a forma do rosto, o tom da pele e até a espessura da sobrancelha que melhor se adequava à voz que eles estavam ouvindo. Eles foram capazes de mudar o tom da voz em para sincronizar com o que estava na cabeça de cada paciente.
A partir disso, o paciente se encontraria com um terapeuta que conversaria com o ele através do avatar e como eles mesmos em uma conversa de três vias. Isso permitiu ao paciente confrontar as vozes que eles estavam ouvindo de forma visual, enquanto o terapeuta assegurava que os pacientes estavam na vantagem contra as alucinações.
Este era um aspecto importante, de acordo com os pesquisadores, pois deu aos pacientes a confiança para enfrentar os próprios avatares. Isso, no entanto, não é algo que todos os pacientes podem lidar, alguns achavam a experiência muito angustiante. Mas para aqueles que conseguiram enfrentar sua voz interior, parecia ajudar.
"Nosso estudo fornece evidências de que a terapia com avatar melhora rapidamente as alucinações auditivas para pessoas com esquizofrenia, reduzindo sua freqüência e o quanto elas são angustiadas, em comparação com o aconselhamento", disse o professor Tom Craig, que liderou o estudo publicado no The Lancet Psychiatry. "Até agora, essas melhorias parecem durar até seis meses para esses pacientes".
Este estudo só foi realizado em um punhado de pacientes em uma clínica, mas os resultados parecem promissores. Os pesquisadores agora querem ampliá-lo e ver se os resultados observados são válidos.