Em 1931 o casal de psicólogos Winthrop e Luella Kellogg decidiram fazer um experimento maluco e curioso que até hoje tem um grande impacto na psicologia.
Se um filhote de chimpanzé for criado como um humano, ele acabaria com comportamentos humanos? Até onde algo é determinado por natureza e por criação?
Eles partiram do pressuposto que humanos, quando criados de forma selvagem, agem como animais. Então será a reciproca verdadeira? Para ajudar nessa pesquisa eles adotaram um bebê chimpanzé chamado Gua. O experimento fica muito mais estranho, já que os Kelloggs também tiveram um filho chamado Donald quando começaram suas pesquisas.
Assim, embora o objetivo original do projeto fosse ver quanto um chimpanzé pode ficar humanizado quando criado em um ambiente humano, Gua e Donald foram criados basicamente como irmãos, e as comparações entre seu desenvolvimento foram inevitavelmente feitas.
Gua tinha 7 meses e meio quando o experimento começou, e Donald era um pouco mais velho aos 10 meses de idade.
Os dois foram criados como irmão e irmã o quanto era possível. Eles eram vestidos e treinados da mesma forma, eles comeram a mesma comida, participaram das mesmas atividades, etc.
Como parte de seu desenvolvimento, Gua e Donald realizavam regularmente testes para monitorar vários parâmetros, particularmente inteligência e comportamento. O que aconteceu em seguida foi uma surpresa para os Kelloggs - Gua era “mais esperta” do que Donald, pelo menos inicialmente.
Embora ainda com menos de um ano de idade, Gua regularmente se destacou nos testes, enquanto seu “irmão” parecia ter mais dificuldade. Isso não deveria ser tão surpreendente, no entanto. Afinal de contas, os chimpanzés que crescem na natureza precisam se desenvolver mais rápido se quiserem sobreviver, mesmo quando são jovens. Em comparação, bebês humanos são praticamente indefesos e sem noção até atingirem a idade de, digamos, 23 a 24 anos.
Só apenas um ano depois do início do experimento que Donald começou a ganhar uma vantagem, já que a linguagem começou a desempenhar um papel no desenvolvimento e, subsequentemente, também nos testes. Ao mesmo tempo, Gua continuou a dominar em exercícios físicos, como correr e escalar (obviamente).
Claro que os Kelloggs não eram malucos. Eles perceberam que Gua não conseguiria falar de repente só porque ela ficava perto dos humanos. Mas eles estavam esperando que seus grunhidos e vários outros barulhos começassem a imitar a fala humana (O que não aconteceu). De fato, algo mais interessante aconteceu - Donald começou a imitar os maneirismos e sons de Gua.
Preocupados com o fato de que eles poderiam acabar com um homem-macaco como filho, os Kelloggs acabaram com a experiência nove meses depois. Eles então documentaram o estudo em um livro chamado The Ape and the Child e retornaram Gua ao centro de primatas do qual ela foi originalmente adotada. Infelizmente, menos de um ano depois de ser separado de seu "irmão" Gua morreu de pneumonia.
Mas suas contribuições para a psicologia ainda são notadas e apreciadas hoje.