A Austrália pode ser o lar de coalas, cangurus e cafeterias modernas que vendem brócolis com leite, mas a única coisa pela qual é realmente conhecida é a abundância de animais tentando matar todo mundo. Neste quesito, os mosquitos pode não chamar tanta atenção quanto os crocodilos, mas podem ser muito mais mortais.
Por exemplo o Aedes aegypti (grande conhecido dos Brasileiros, não é mesmo), também conhecido como mosquito da febre amarela. O parasita sugador de sangue tem uma reputação merecida por espalhar doenças tropicais como o Zika e a dengue.
Agora, graças a uma parceria internacional entre a Commonwealth Scientific e a Industrial Research Organization (CSIRO), a Verily e a James Cook University, os cientistas australianos conseguiram erradicar mais de 80% desses mosquitos em três locais de testes.
No que soa como um movimento contraproducente, a equipe criou 20 milhões de mosquitos em um laboratório e liberou 3 milhões em três cidades na Costa do Cassowary no verão passado. Claro, estes não eram mosquitos normais. Estes eram mosquitos machos geneticamente modificados para serem inférteis. E porque os machos não mordem (eles preferem morder o néctar de plantas), não havia risco de espalhar a doença. Em vez disso, eles passaram o tempo acasalando com as fêmeas para colocar ovos que nunca eclodiram.
Como resultado, a população caiu drasticamente. Em apenas oito meses (novembro de 2017 a junho de 2018), o Aedes aegypti caiu 80% nos locais de testes, o que é uma boa notícia para os moradores do norte de Queensland.
"O mosquito invasor Aedes aegypti é uma das pragas mais perigosas do mundo, capaz de espalhar doenças devastadoras como dengue, zika e chikungunya e responsável por infectar milhões de pessoas com doenças em todo o mundo a cada ano", disse Rob Grenfell, diretor de saúde e saúde e biossegurança da CSIRO, disse em um comunicado.
"Embora a maioria dos mosquitos não espalhe doenças, os três tipos mais letais, o Aedes, o Anopheles e o Culex, são encontrados em quase todo o mundo e são responsáveis ??por cerca de 17% das transmissões globais de doenças infecciosas."
Uma vez confinada a áreas próximas ao equador, a distribuição do Aedes aegypti está se espalhando graças a uma combinação de urbanização, movimento humano e mudança climática. A erradicação deste inseto não deve causar muito dano ecológico à Austrália, porque não é uma espécie nativa.
Esta não é a primeira vez que os cientistas aproveitam o poder da infertilidade masculina para combater pragas indesejáveis. É um método chamado a técnica do inseto estéril e tem existido desde os cinquenta. Embora estudos baseados em laboratório tenham aplicado essa prática a mosquitos portadores de doenças, a implementação é complicada devido ao grande número de machos inférteis necessários. Felizmente, a nova tecnologia está facilitando isso.
Os testes foram restritos ao norte de Queensland por enquanto, embora a Verily tenha anunciado que pode organizar testes adicionais. Enquanto isso, ensaios semelhantes estão ocorrendo atualmente no Brasil e nas Ilhas Cayman.