Estamos acostumados a ver notícias como essa e pensar “lá vem coisa da NASA”. Mas dessa vez quem deu novos capítulos a história do universo foram pesquisadores brasileiros ligados ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
Eles publicaram um artigo na revista científica Monthly Notices of Royal Astronomical Society (MNRAS) sugerindo que existam aproximadamente 53 estrelas “irmãs gêmeas” ao sol (Figura 1). Deste modo, aumentando a possibilidade de vida em planetas que as orbitem. O estudo demonstra que esses planetas sejam rochosos, havendo um equilíbrio para a existência de vida nesses planetas.
Os pesquisadores analisaram a distância usando a abundância do elemento radioativo Tório nas “irmãs” do sol que estão equivalentes a 9,5 trilhões de quilômetros da Terra. Essa análise foi realizada por meio de um telescópio Chinelo no European Southern Observatory (ESO) (Figura 2).
Figura 1. Pesquisadores descobrem irmãs gêmeas do Sol. Foto: Getty images.
Segundo André Milone, o líder da pesquisa, eles usaram tório nos cálculos pois é um elemento fundamental para o surgimento e evolução de vida em determinado planeta. Logo, a presença dele e uma órbita “habitável” em torno do planeta o credenciam como um provável “planeta com vida”. Ainda de acordo com André, que comenta sobre esses planetas que orbitam as irmãs gêmeas do sol, "Também é fundamental que eles sejam geologicamente ativos, como a Terra, com terremotos e vulcões, que proporcionam o chamado ciclo do carbono, que mantém a temperatura do nosso mundo adequado à vida." André comenta sobre a importância do tório nesse processo de movimentação de placas tectônicas e vulcanismo, "Trata-se de um elemento instável, cujo decaimento radioativo (transformando-se em outro elemento - no caso, rádio - e liberando energia no processo), junto com o urânio (U) e o potássio (K), que tem fornecido e fornecerá para o interior da Terra por bilhões de anos metade da energia (a outra metade vem do resfriamento secular de todas as camadas internas do planeta) necessária para manter a convecção do manto e o tectonismo das placas continentais. Portanto, as concentrações iniciais desses elementos num planeta rochoso contribuem de modo indireto para a habitabilidade em sua superfície, especialmente devido aos seus tempos longos de decaimento (escalas de bilhões de anos).”
Figura 2. Telescópio usado para as análises. Fonte: Divulgação.
André e sua equipe dão idades diferentes para as irmãs gêmeas do sol, variando de 500 milhões a 8,6 bilhões de anos. André comenta, "Por isso, podemos acompanhar a abundância do tório ao longo do tempo de evolução da Galáxia, como também em estrelas similares ao Sol".
Além disso, existe outro trabalho de pesquisadores americanos demonstrando que o nosso sol é deficiente em tório em comparação a outras 13 irmãs gêmeas. André estima que existam cerca de 100 milhões a 1 bilhão de estrelas relativamente parecidas ao sol na Galáxia. De acordo com ele, "Isso é apenas uma ordem de grandeza, baseado em uma extrapolação do que conhecemos a partir de estudos da vizinhança solar.
Assim, 'chutamos' que existam entre 5 milhões e 50 milhões de sistemas planetários similares ao solar na nossa galáxia", diz Milone. Parece que não estamos sós nela e consequentemente no Universo. Contudo, é bom ressalvar que os resultados do nosso trabalho abrem apenas possibilidades para existência e manutenção da vida, e não detecção de vida extraterrestre em si."