George Orwell em 1984, O primeiro episódio da terceira temporada de Black Mirror e em alguma extensão Harlan Elisson em “Eu não tenho boca e preciso gritar”, todos nos avisaram de um grande problema futuro: Como a tecnologia pode ser lago bom, mas também pode representar o fim da humanidade como conhecemos.
Um projeto de lei na China pode ter deixado a ideia de um futuro distópico muito mais próximo do que imaginávamos. Se você já leu 1984 e está por dentro do que é o Grande Irmão (Big Brother) se prepare, esse artigo vai ser assustador...
A Sesame Credit é a ala financeira da gigante de vendas pela internet Alibaba. Como é de se imaginar, eles possuem muitas informações sobre os chineses, desde hábitos de consumo até a situação financeira.
Eles são uma das empresas que estão encabeçando a pesquisa para a criação do “Esquema de planejamento para a construção de um sistema de Crédito Social”. Esse esquema foi apresentado Conselho de Estado da China em 14 de junho de 2014. Porém, está ganhando mais força e mais abrangência na mídia desde o final do ano passado.
A ideia é que com todas as informações coletadas dos cidadãos, cada pessoa receberá uma pontuação entre 350 e 950. Esse número vai determinar o quanto um cidadão é confiável e o quanto ele vale para a sociedade. Pessoas de resultado baixo podem ter restrições em diversos aspectos do dia-a-dia, até mesmo serem impedidos de viajar.
Ainda não se sabe exatamente o que determina a pontuação das pessoas. Mas existe uma base da qual para ter uma ideia. De acordo com algumas informações, os programas de crédito levaram em consideração coisas como:
"Alguém que joga videogame durante dez horas por dia, por exemplo, seria considerado uma pessoa ociosa. Alguém que compra fraldas com frequência, por outro lado, deve ser pai (ou mãe) e seria considerado uma pessoa com um sentido de responsabilidade", disse Li Yingyun, diretor de Tecnologia da Sesame à revista chinesa Caixin, em 2015.
O sistema de pontuação não vai servir apenas para que as pessoas se gabem nas redes sociais. Mas afetará diretamente na vida de cada um.
Quem tem uma boa pontuação:
Quem tem pontuação baixa
Alguns chineses até defendem a ideia, mesmo que para nós do ocidente a ideia seja assustadora. Segundo eles, esse sistema vai evitar que as pessoas apliquem golpes em diversas cidades diferentes.
E por esse lado, até que está correto. Porém, como todo bom atento, basta lembrar que essas tecnologias nunca vêm para o bem.
Por exemplo, a sua pontuação pode ser afetada por amigos e familiares. O que você vai fazer se um amigo estiver deixando a sua pontuação baixa? Abandonar a amizade? É uma possibilidade, mas se for um irmão ou um pai? Como se “livrar desses pontos negativos”? Até onde alguém iria para não ser ostracizado por um sistema baseado em pontuação?
Não apenas isso, mas até onde o governo poderia ir para dividir os bem avaliados e os mal avaliados? Há pessoas que dizem que é possível que as pessoas de baixa pontuação não tenham acesso a boas escolas ou empregos que pagam bem. O sistema então entrará em um loop onde “O rico cada vez fica mais rico e o pobre cada vez fica mais pobre”, como já dizia a música.
Atualmente, o sistema está sendo desenvolvido por empresas particulares. Mas o governo vai usar o sistema para criar um próprio e com as suas próprias métricas. Vale lembrar que a China vive em uma ditadura comunista. Quem fala mal do sistema por lá, é negativado. Já imaginou ser negado de ter acesso a um bom emprego por ser contra o atual governo?
Sim, muito disso é apenas teoria e medos dos que criticam a ideia do sistema. Mas você acredita que seria diferente?
Recomendamos a leitura: BBC, Oficina da Net, e para quem entende inglês: Angrymoo, Asaninst, China File, Devolkskrant, Digital Asian Hub, Economist, Financial Times, Foreign Policy, Futurism, Quartz, Research Gate, Sidney Morning Harald, Tech Node, Wired e Bored Panda.