Acredito que todos já ouviram aquela frase “por trás de um grande homem existe sempre uma mulher gigante”. Se não ouviu exatamente isso, foi algo parecido. Apesar do valor simbólico da frase, em alguns casos ela se aplica de forma quase perfeita. Podemos dar o exemplo de Einsten e sua esposa, Mileva (Figura 1). Poucos falam mas ela teve total influência nas pesquisas de Albert Einsten, seu marido e um dos maiores físicos de todos os tempos. Recentemente, historiadores e pesquisadores tem estudado como era a relação dos dois. Eles se conheceram no Instituo Politécnico de Zurique quando cursavam física. Mileva era incrivelmente inteligente, muitas vezes tirava notas maiores que a de Einstein, mas não conseguiu ser aprovada nas provas finais.
Figura 1. Mileva e Einstein no início de sua carreira. Foto: Getty Images.
Baseado em cartas, sabe-se que perto de 1900, quando ainda nem eram casados, Mileva engravidou. Não há registros de onde foi parar a primeira filha do casal. Tudo indica que ela tenha falecido após contrair uma doença infecciosa. Quando estudavam juntos Mileva foi importante colaboradora na revisão das teorias de Einstein, mas teve pouco reconhecimento. Ficou destacada apenas por cuidar dos seus filhos (Figura 2). Entretanto, em várias cartas ele menciona frases em relação a Mileva: “nossos trabalhos”; “nossa teoria do movimento relativo”; “nosso ponto de vista” e “nossos artigos”. No programa Today da BBC 4, Pauline Gagnon, física da Organização Europeia para a Investigação Nuclear (CERN) comentou, "Durante as férias escolares, que com frequência passavam distantes um do outro, trocaram várias cartas nas quais Albert se referia constantemente à colaboração dela. Inclusive seu filho, Hans Albert, se recorda de vê-los trabalharem juntos dia e noite na mesa da cozinha.”
Figura 2. Mileva Maric em 1914, com Eduard e Hans Albert, os dois filhos que teve com Albert Einstein. Foto: Getty Images.
Todos esses relatos ocorreram em 1905, quando ele publicou quatro artigos na revista científica Annalen der Physik (Anais da Física) que começaram a mudar a percepção de física no século XX. No entanto, após 1916, quando se separaram eles combinaram que se Albert ganhasse o Prêmio Nobel de Física ele daria todo o dinheiro para Mileva. Mas ele só ganhou o prêmio em 1921 quando estava casado com sua prima de segundo grau. Einstein deixou em testamento tudo o que tinha para os filhos. Mas nada foi a mesma coisa após o divórcio com Mileva, seu filho Eduard foi diagnosticado com esquizofrenia e ela cuidou dele o resto de sua vida. De acordo com Gagnon, "Apagar da história da ciência mulheres brilhantes como Mileva não ajuda no trabalho de demonstrar que nós mulheres somos tão capazes quanto os homens".