Na semana passada, surgiu a história de que empresas na China estão de olho em seus empregados usando capacetes de varredura cerebral.
Trabalhadores de fábricas, das áreas militares e transporte receberam capacetes com sensores internos do EEG como parte de um projeto patrocinado pelo governo para monitorar o estado emocional dos trabalhadores e aumentar a produtividade. Esses sensores monitoram a atividade elétrica no cérebro do usuário antes de enviar os dados para um algoritmo que interpreta esta informação e traduz para uma determinada emoção. A ideia é assustadora: seu chefe ou gerente sabe que você está deprimido, ansioso ou com raiva - e pode ajustar seu horário de trabalho de acordo com a sua emoção.
De acordo com um relatório do South Chine Morning Post (SCMP), pelo menos uma dúzia de empresas e fábricas na China já estão usando a tecnologia.
Uma dessas empresas é a State Grid Zhejiang Electric Power em Hangzhou, que (aparentemente) viu um aumento financeiro de cerca de 2 bilhões de yuans (Quase 1.2 bilhões de reais) desde a adoção da tecnologia em 2014. Cheng Jingzhou, o homem responsável pela supervisão do programa da State Grid Zhejiang Electric Power, disse ao SCMP: "Não há dúvidas sobre o seu efeito".
Mas isso realmente funciona? O relatório original é escaço em detalhes e provavelmente exagerado sobre a eficácia do sistema. De acordo com o MIT Technology Review, a resposta é "provavelmente não".
Na verdade, a tecnologia EEG não é tão avançada - pelo menos, ainda não está tão avançada. Para começar, o EEG não invasivo é "muito limitado" e teria dificuldade em detectar padrões cerebrais, quanto mais interpretá-los como emoções diferentes. Também pode ser confundido por sinais externos (por exemplo, um telefone móvel), que distorcem o resultado e produzem uma falsa leitura.
Isto significa que a questão real é de privacidade. As empresas deveriam monitorar o estado emocional de seus funcionários? Além das leituras falsas, produzidas por uma tecnologia que não é perfeita, o sistema é aberto a abusos pelos empregadores com intenções menos benignas.
Qiao Zhian, professor de psicologia gerencial na Universidade Normal de Pequim, faz comparações com a "polícia do pensamento" do Big Brother em 1984.
"Não há lei ou regulamento para limitar o uso deste tipo de equipamento na China", disse ele. "O empregador pode ter um forte incentivo para usar a tecnologia para obter maior lucro, e os funcionários geralmente estão em posição muito fraca para dizer não."
No entanto, o problema já pode ser bem maior e mais avançado do que parece. Empresas na China e em outros lugares já estão usando dispositivos portáteis como Fitbits, Nike+ FuelBands e Jawbone UPs para medir a saúde e a produtividade de seus funcionários.