A saúde, mesmo nos países mais ricos, está longe de ser perfeita, com a desigualdade reinando suprema, o que significa que os ricos têm o melhor acesso aos melhores tratamentos. Porém, em alguns países, principalmente os de 3º mundo, alguns métodos de tratamento médico não estão nem disponíveis.
Sem uma infra-estrutura de saúde adequada, e sem a ajuda de trabalhadores humanitários, alguns profissionais médicos recorreram a alguns métodos incrivelmente criativos. Como foi relatado em alguns lugares durante o ano passado, o Dr. Mohammod Chisti, de Bangladesh, é um desses especialistas engenhosos.
Como descrito no Dhaka Tribune, Chisti decidiu, em 1996, que estava exausto ao ver tantas crianças e bebês morrerem de pneumonia. Ele então começou a pensar em uma maneira de fazer algo para ajudar. De acordo com a Economist, 20 anos de pesquisa meticulosa resultaram em uma solução curiosa: frascos de xampu.
Qualquer pessoa pode contrair pneumonia, uma inflamação do tecido em seus pulmões desencadeada, na maior parte, por uma infecção pela bactéria Streptococcus pneumoniae. Infecções virais e fúngicas também podem causar a doença e também pode acometer certos pacientes dentro de hospitais.
Tendo uma variedade de sintomas que podem se desenvolver lentamente ou dentro de 24 horas, a doença faz com que os minúsculos sacos de ar dentro dos pulmões se encham de fluidos, comprometendo sua capacidade de respiração. Os imunocomprometidos, as crianças e os idosos correm maior risco de desenvolver a condição.
Embora o repouso, a abundância de fluidos e o uso de antibióticos possam acabar com a doença, esses grupos de alto risco geralmente precisam de assistência extra. Geralmente, essa ajuda extra é através de apoio respiratório. Porém, os equipamentos de auxilio respiratório são um pouco caros e difíceis de serem encontrados em nações mais pobre.
A falta destes equipamentos contribui muito para que a pneumonia seja uma doença perigosa e muitas vezes fatal nesses países. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), ela representa 16% de todas as mortes de crianças menores de 5 anos. Em 2015, 920.136 morreram da doença, principalmente na África subsaariana e no sul da Ásia.
A BBC News observa que a alternativa de baixo custo da OMS, a implantação de oxigênio de baixo fluxo, ainda resulta na morte de uma em cada sete crianças afetadas por pneumonia.
É aí que entra o Dr. Chisti e suas garrafas de xampu. Inspirando-se em bombas respiratórias mais complexas que impedem o colapso dos pulmões, ele pegou uma garrafa vazia de xampu, adicionou água e inseriu uma série de tubos simples.
As crianças inalam oxigênio de um tanque e, em seguida, exalam nos tubos, que sopram bolhas na água. Isso aumenta a pressão do ar na garrafa de xampu, que é transferida de volta para os pulmões, impedindo-os de entrar em colapso.
Um estudo de referência de 2015 no The Lancet enfatiza o sucesso de Chisti. Testado em apenas algumas crianças no início, o ensaio passou a ser aberto e randomizado por dois anos, comparando a terapia de oxigênio padrão da OMS com o método do frasco de xampu.
"O grupo de crianças que receberam oxigênio por meio de CPAP em bolha tiveram taxas significativamente mais baixas de morte do que o grupo com as crianças que receberam oxigênio pela oxigenoterapia de baixo fluxo", conclui o documento. Foi relatado que o novo método levou a uma redução de 75% nas taxas de mortalidade de crianças afetadas pela pneumonia.
O próprio hospital em Dhaka optou por usar o método do frasco de xampu, o que significa que eles começaram a salvar mais vidas e, também economizar bastante dinheiro.
No entanto, ainda não é um caso completamente definido: O estudo observa que os testes tiveram que ser interrompidos precocemente, já que havia muitas mortes nos grupos de oxigênio de baixo fluxo, o que os autores reconhecem como uma dificuldade para garantir os resultados finais.
Ainda assim, é certamente promissor. Esperemos que futuros testes possam esclarecer o quão efetivo é o método da garrafa de xampu.