Não é novidade que as Américas (do Norte e do Sul) abrigaram uma porção de civilizações ao longo de seus milhares de anos. Nas últimas décadas a tecnologia em diferentes estudos na arqueologia e paleontologia têm se mostrado mais avançada e aplicável.
O arqueólogo Del Río, mergulhando em cavidades nas águas da Península de Yucatán em 2001, descobriu um ponto que era utilizado para sepultamentos pelos povos pré-colombianos que habitaram um dia aquela região. Quando foram retirar os ossos viram que exista um esqueleto quase completo no local (80% dos ossos foram encontrados).
Era de uma mulher e o chamaram de Eva de Naharon pois foi encontrada em bom estado de preservação próxima a cidade de Naharon e estava a 22,6 metros de profundidade.
Esqueleto de Eva de Naharon. Foto: Eugenio Aceves/Inah.
Depois de retirada do local foram realizados inúmeros estudos pela Universidade Autônoma do México (UNAM), com o objetivo de saber a idade da mulher e a quanto tempo morreu. Eva, de acordo com os resultados, tinha aproximadamente 1,41 metro de altura e tinha entre 20 e 25 anos quando morreu. A idade dela é cerca de 13,6 mil anos.
Assim, ela se tornou o fóssil humano mais antigo das Américas. A presença dela ali pode ajudar a entender como ocorreram as migrações e povoamento de todas as Américas a partir da África. As principais teóricas entorno da presença dela em Yucatán corroboram (estão de acordo) com a teoria do etnólogo francês Paul Rivet (1876-1958), que supunha que outras migrações teriam ocorrido em embarcações que iam de ilha em ilha.
Depois de 17 anos após sua descoberta, Eva de Naharon finalmente ganhou uma reconstrução facial moderna. De acordo com Del Río, ao site BBC News Brasil, "O trabalho realizado é congruente e preciso com as características físicas dos habitantes do sul da Ásia, ou seja, coincide com estudos antropológicos e de DNA realizados em fósseis humanos encontrados nessa região, todos apontando para uma ascendência asiática".
Quem realizou a reconstrução em 3D foi o designer brasileiro Cícero Moraes e levou cerca de duas semanas. Cícero é especialista em reconstruir digitalmente faces realistas de diferentes personagens da história e já tem mais de 60 trabalhos do tipo. Ele utiliza algumas técnicas avançadas de reconstrução facial forense. "Ele é reconhecido em todo o mundo por seu trabalho de recriação facial virtual a partir de modelos tridimensionais de crânios de importantes figuras históricas", afirma Del Río sobre Cícero.
Reconstituição facial moderna de Eva de Naharon. Foto: Cícero Moraes.