Você acha que pombas são nojentas e apenas trazem prejuízos para as grandes cidades? Se a resposta é sim, acho melhor você repensar os pontos negativos sobre esse animal.
Essas pombas são consideradas animais sinantrópicos (vivem ou utilizam o ambiente urbano em alguma parte da sua vida). Por isso, estão sempre perto de nós, seres humanos. Outra característica dessas pombas é que elas são exóticas e invasoras dentro do Brasil. Ou seja, elas vieram da Europa dentro das grandes navegações colonizadoras, encontraram um ambiente favorável para se reproduzir e aqui se estabeleceram até hoje.
Indivíduo de Columbia livia (Pomba-Comum). Foto: Rinaldo R.
Muitas pessoas repudiam essas pombas, mas o Patologista Richard Leveson da Universidade da Califórnia deu maior atenção para essas aves e descobriu algo interessante: as pombas da espécie Columbia livia Gmelin, 1789 (a Pomba-Comum) teriam capacidade de identificar diferentes tecidos cancerosos em mamografias e imagens digitalizadas. O estudo foi publicado na revista Plos One e os resultados mostraram que as pombas acertaram 99% dos casos.
Link do estudo: http://journals.plos.org/plosone/article/related?id=10.1371/journal.pone.0141357.
De acordo com Richard, ele e sua equipe mostraram em um dos experimentos 144 imagens em preto e branco e coloridas para oito pombas. A medida em que as imagens fossem passadas, a ave deveria escolher entre uma tela azul ou amarela indicando assim o estado em que o tecido mostrado na imagem estava – saudável ou canceroso.
As pombas foram recompensas com comida a partir de cada acerto. Quando erravam, elas seguiam observando as imagens. As aves foram intercaladas a cada observação para evitar que elas memorizassem as imagens. Depois de duas semanas a precisão de acertos variou de 50% a 80% das vezes.
Em um segundo experimento, Richard e sua equipe colocaram as aves para distinguirem tecidos saudáveis e tecidos com microcalcificações (geralmente associados a câncer). Além disso, eles ainda testaram se as pombas conseguiam diferenciar e identificar massas (bolinhas) suspeitas nas imagens de mamografias. Esses foram os resultados menos animadores pois elas não conseguiram alcançar satisfatoriamente esse objetivo.
Pomba no ambiente de treinamento. Foto: Richard Leveson e Cia.
Essas descobertas não significam que usaremos pombas dentro dos laboratórios/consultórios. E sim que, podem auxiliar na elaboração de novos métodos e mecanismos mais eficazes na identificação de câncer de mama.