Quando aprendemos sobre evolução na escola, parece algo antigo e muito lento. Mas a evolução ainda está acontecendo até hoje - e está acontecendo conosco.
Aqui e agora.
É muito cedo para dizer como serão os humanos daqui a alguns milhares de anos, mas aqui estão algumas das peculiaridades mais recentes que adquirimos graças ao poder da seleção natural e da evolução.
Beber leite é um dos traços definidores dos mamíferos, mas os seres humanos são a única espécie na Terra que podem digeri-lo depois da infância. Mesmo que mais de 75% da população mundial ainda seja intolerante à lactose.
Após o desmame, todos os outros mamíferos, e a maioria dos humanos, deixam de produzir lactase, a enzima necessária para decompor a lactose, o açúcar do leite.
Mas uma mutação que apareceu nas planícies da Hungria cerca de 7.500 anos atrás permitiu que alguns humanos digerissem leite até a idade adulta. Nós provavelmente começamos com os queijos e fomos evoluindo para o leite fresco. Atualmente isso pode não parecer tão importante, mas a milhares de anos atrás, poder consumir derivados do leite com alta taxa de gordura ajudou os humanos a sobreviver em lugares gelados.
Os olhos azuis são outro traço de evolução recente e os cientistas determinaram que veio de uma mutação em um único ancestral de 6.000 a 10.000 anos atrás.
A mutação afetou o gene OCA2, que codifica a proteína necessária para a produção de melanina, que dá cor à nossa pele, cabelo e olhos. A evolução essencialmente "desligou" a capacidade de ter olhos castanhos, limitando a melanina produzida na íris, e "diluindo" a cor dos olhos de marrom para azul
Os tibetanos vivem em uma das áreas menos hospitaleiras e, portanto, uma das últimas áreas povoadas do planeta: as montanhas do Himalaia. E sua capacidade de lidar com os baixos níveis de oxigênio lá em cima não é devido à mera robustez - é codificada em seus genes.
Um estudo comparou os tibetanos indígenas, que vivem em altitudes acima de 10.000 pés nas terras altas do Himalaia, com chineses han de Pequim, que estão intimamente relacionados geneticamente, mas vivem perto do nível do mar.
Os pesquisadores descobriram que o sangue dos tibetanos era geneticamente predisposto a produzir mais proteína de hemoglobina transportadora de oxigênio.
Não são apenas os cirurgiões bucais que estão removendo os dentes do siso (terceiros molares) das bocas humanas - a evolução também está desempenhando um papel importante nesta tarefa.
Em nosso caminho evolucionário para se tornar humanos, nossos cérebros cresceram e encheram nossos crânios e estreitaram nossas mandíbulas, tornando difícil para a terceira linha de molares emergir das gengivas.
Há alguns milhares de anos, surgiu uma mutação que impedia o crescimento dos dentes do siso. Agora, uma em cada quatro pessoas não tem pelo menos um dente do siso. As pessoas com maior probabilidade de perder pelo menos um dente do siso são os Inuit das regiões mais ao norte da Groenlândia, Canadá e Alasca.
Nós gostamos bastante de falar sobre o tamanho dos nossos cérebros em relação aos outros animais, mas na verdade eles estão encolhendo há mais de 20.000 anos. A perda total resulta em uma soma que equivale ao tamanho de uma bola de tênis em um homem adulto. Mas os cientistas não acham que isso significa que estamos ficando mais burros.
Uma teoria é que cada um de nós depende mais da estrutura social para nos ajudar a sobreviver, de modo que não precisamos de tanto espaço cerebral como indivíduos. Mas à medida que domesticamos animais como gatos e cachorros, também observamos seus cérebros encolherem. Isso significa que alguns cientistas acham que cérebros menores podem ser sinais de animais mais pacíficos. Basicamente, estamos nos domesticando.